Nome vulgar: Achigã

 

Nome cientifico: Micropterus salmoides

 

O Achigã (Micropterus salmoides) é um dos grandes e combativos predadores de água doce e muito apreciado na alimentação humana, é originário do sul do Canadá e Estados Unidos e foi introduzido na Europa no final do século XIX, sendo hoje uma das principais espécies existentes em quase todos os países e que desperta a paixão de milhões de pescadores em todo o mundo.

 Em Portugal, reconhecida a sua existência desde o início do século XX, o Achigã teve uma excelente adaptação e espalhou-se rapidamente por todas as bacias hidrográficas do país, particularmente a sul do Rio Tejo.

 

 

Possui um corpo altivo e alongado, uma cabeça grande e de boca larga e com numerosos e minúsculos dentes, justificadamente agressiva, possui um dorso e cabeça de coloração verde-escuro ou oliváceo, com flancos dourados, ventre branco, a linha lateral tem uma fiada de manchas castanhas ou negras, bem visível nos adultos e o opérculo tem duas barras escuras e uma mancha preta. Tem uma barbatana dorsal dividida em duas partes, tendo a primeira raios espinhosos, tendo ainda na boca uma maxila inferior proeminente e mais saliente do que a superior.

 Caracteriza-se como um peixe de águas temperadas ou pouco frias, habitando em locais com vegetação aquática nas albufeiras e lagoas, aparecendo também em alguns troços médios e inferiores dos rios, e habitualmente vive solitário ou em pequenos grupos. É uma espécie de superfície não excedendo normalmente os 6 metros de profundidade e que suporta bem as águas salobras.

 Pode medir até 80 cm e possuir um peso máximo de cerca de 10 kg, sendo estas medidas mais reduzidas nos exemplares europeus.

 

O Achigã adulto é um predador muito voraz, alimentando-se preferencialmente de outros peixes e crustáceos e também de insectos aquáticos.

 Os mais novos têm a sua alimentação baseada em insectos, crustáceos e moluscos enquanto que os alevins se alimentam de plâncton.

 Durante o período de reprodução, de Abril a Junho, o macho tem um comportamento territorial, protegendo o ninho até os novos terem 3 a 4 semanas de idade. Após este período, permanece em cardumes pouco numerosos durante mais 2 ou 3 meses.

 A desova ocorre quando a temperatura da água atinge os 16 a 18ºC, cada fêmea deposita entre 4.000 e 10.000 ovos em locais de fraca corrente e pouca profundidade, em ninhos feitos pelos machos sobre camadas de pedras, cascalho, areia ou entre raízes aquáticas, ficando os ovos aderentes ao substracto do ninho, o qual é bem guardado e onde procura agitar-se constantemente para melhor oxigenação dos ovos. Após a postura, a companheira é expulsa do ninho, chegando mesmo a ser caçada, podendo ainda o macho atrair outra fêmea.

 

Ao achigã reconheço a sua importância e valor para a pesca desportiva (também sou pescador) e valor gastronómico, contudo penso que a sua introdução só deveria ter sido feita em meios artificiais, tal como albufeiras ou barragens e nunca em lagos naturais ou rios não represados. Isto porque, sendo um predador que se adapta bem às nossas condições, torna-se facilmente num predador das nossas espécies autóctones (bogas, escalos, pardelhas, etc), que viveram durante milhões de anos sem predadores, pois os rios ibéricos não possuíam predadores antes das introduções feitas pelo Homem.